Por Fábio Duarte – Produtor rural em Terenos
A seleção genética dos bovinos leiteiros sempre foi um fator determinante para garantir a produtividade e a longevidade dos animais dentro dos diferentes biomas brasileiros. No Cerrado, onde as variações climáticas podem ser desafiadoras, a rusticidade e a capacidade de adaptação dos rebanhos são fatores fundamentais para a eficiência da pecuária leiteira. A raça Girolando, fruto do cruzamento entre Gir e Holandês, tem se mostrado uma das melhores opções para os produtores que buscam aliar alta produção leiteira à resistência ao ambiente, segundo o Núcleo de Criadores de Girolando em MS.
Ao longo dos anos, o melhoramento genético do Girolando tem proporcionado avanços significativos, não apenas em relação ao volume de leite produzido, mas também quanto à resistência dos animais às condições de calor e manejo extensivo. Na minha experiência, a pelagem tem sido um elemento de grande relevância. Observamos em campo que animais de coloração castanha apresentam um diferencial importante para a adaptação ao clima quente do Cerrado. Verificamos que essa característica pode contribuir para a termorregulação dos bovinos, permitindo que suportem melhor as temperaturas elevadas e reduzindo o estresse térmico, um dos principais fatores que impactam a produtividade leiteira.
Essa seleção intencional, conduzida com base em critérios técnicos e científicos, busca alinhar o potencial leiteiro com características que favorecem o bem-estar animal e a longevidade produtiva. Criadores atentos a essa realidade têm investido na escolha de touros comprovadamente superiores, garantindo que suas progênies reúnam o melhor dos dois mundos: genética para alta produção e resistência ao ambiente. A rusticidade dos animais não significa apenas resistência ao clima, mas também maior eficiência na conversão alimentar, menor exigência de suplementação e capacidade de adaptação a diferentes sistemas de manejo.
Além dos benefícios produtivos, essa estratégia também se reflete na sustentabilidade da atividade. Animais mais adaptados exigem menos intervenções, consomem menos recursos e apresentam melhor desempenho a pasto, reduzindo a necessidade de insumos externos e tornando o sistema mais eficiente e economicamente viável. Para os pecuaristas que buscam resultados consistentes a longo prazo, o investimento em uma seleção bem direcionada é um caminho promissor.
No dia 3 de abril, na Expogrande, exemplares selecionados com esse padrão genético e produtivo estarão disponíveis ao mercado, reforçando a importância da raça Girolando na pecuária leiteira nacional. As ofertas serão por conta da fazenda Três Nascentes, que há 10 anos realiza uma melhoria genética baseada na aptidão leiteira e na coloração castanha que se adapta melhor ao calor.
O avanço da atividade no Cerrado passa, inevitavelmente, pela valorização de animais que atendam às exigências do ambiente sem renunciar à produtividade. A combinação entre melhoramento genético e estratégias de manejo eficientes garante que o Girolando continue sendo uma referência para a produção leiteira sustentável no Brasil.