Produtores de leite de pequena escala de produção de dois municípios de Mato Grosso do Sul receberam informações sobre como suplementar a alimentação do gado bovino no período de estiagem e reduzir o gasto com a compra de insumos nesse período. As orientações, com base em princípios agroecológicos, foram repassadas em dois dias de campo vinculados ao projeto “Bases científicas e tecnológicas para o desenvolvimento da agricultura orgânica no Brasil”, promovidos pela Embrapa Pantanal em Anastácio e Itaquiraí, entre o final de outubro e início de novembro.
O uso de recursos forrageiros alternativos disponíveis para a produção de feno com o secador solar foi uma das tecnologias transferidas para aproximadamente 20 produtores de Anastácio. Neste município, o evento teve a parceria da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), campus de Aquidauana. A universidade coordena o programa Rio de Leite, que busca a capacitação técnica aplicada à pecuária leiteira desenvolvida em Mato Grosso do Sul.
Em Itaquiraí, o dia de campo se chamou “Conservação de forrageiras protéicas para alimentação de ruminantes no período de estiagem” e atraiu 33 agricultores. O evento foi realizado em parceria com a Prefeitura de Itaquiraí e com a Secaf (Consultoria e Assessoria para Agricultura Familiar).
Os pesquisadores Frederico Lisita e Thierry Tomich, da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS, explicaram que os dias de campo buscaram incentivar o uso de recursos já disponíveis na propriedade para suplementar a alimentação dos animais no período de estiagem. Segundo eles, com o aproveitando de recursos forrageiros regionais e de resíduos agrícolas é possível reduzir a compra de insumos para a produção leiteira durante o período seco do ano.
Informaram ainda que um desses recursos, a mandioca, é comum nessas propriedades, principalmente em Itaquiraí, onde grande parte dos produtores de leite produzem a raiz para fornecer à indústria. A demanda por informações sobre a suplementação alimentar durante a seca partiu dos próprios produtores rurais. A equipe da Embrapa Pantanal explicou como produzir feno e silagem.
“O feno é mais fácil de produzir, embora dependa muito de condições ambientais favoráveis. Já a silagem exige mais tecnificação do produtor e uma assistência mais capacitada. Empregando essas estratégias de conservação para forrageiras protéicas, o agricultor pode reduzir a necessidade de compra da ração farelada durante a seca”, disse Thierry.
Apoio - A Embrapa Pantanal conseguiu realizar os dois dias de campo porque obteve recursos do PAC-Embrapa (Plano de Fortalecimento e Crescimento da Embrapa). Além das viagens, o PAC vai financiar a impressão de uma publicação da Série Embrapa e de pelo menos um folder sobre as estratégias para alimentação do gado durante a seca seguindo bases agroecológicas de produção.
Além disso, a atuação em Itaquiraí, município fora da área de abrangência da Embrapa Pantanal, só foi possível porque os dois dias de campo foram vinculados ao Macroprograma 1 da Embrapa, que reúne pesquisas para o desenvolvimento da agricultura orgânica no país e tem alcance nacional.
Também participaram dos dias de campo o assistente Oslain Branco e a estagiária Roberta Martins. Desde 2007 a equipe da da Embrapa Pantanal vem realizando na região de Corumbá um intenso trabalho de transferência de tecnologia sobre a produção de feno para a suplementação alimentar do gado durante a seca. O pesquisador Frederico Lisita coordena projetos nesta área em assentamentos rurais da região com apoio da Petrobras, do CNPq e da Embrapa.