A dificuldade no escoamento da carne bovina, agravada pela descapitalização da população nesta reta final de mês permitiu novos recuos nas cotações brasileiras do boi gordo, informam nesta quinta-feira (29/9) as consultorias que acompanham diariamente o mercado pecuário.
Segundo apurou a Scot Consultoria, nas praças do interior paulista houve queda de R$ 3/@ no preço do macho terminado “comum”, direcionado ao mercado doméstico, agora valendo R$ 280/@ (valor bruto e a prazo). A vaca gorda também registrou baixa diária de R$ 3/@ em São Paulo, chegando a R$ 267/@, enquanto a novilha gorda teve retração de R$ 2/@, atingindo R$ 278/@ (preços brutos e a prazo), aponta a Scot.
O boi-China, abatido com até 30 meses, segue cotado em R$ 290/@ no mercado paulista (preço bruto e a prazo). De acordo com a IHS Markit, a fraca procura por animais prontos para abater segue sendo o principal fator de pressão de baixa nos preços da arroba, que recuaram sobretudo em São Paulo e nos três Estados do Centro-Oeste (MT, MS e GO).
“A maior parte das indústrias frigoríficas dispõe de escalas de abate longas, devido à cobertura de lotes oriundos de negociações de boi a termo”, relata a IHS. Além disso, continua a consultoria, o excesso de umidade em algumas regiões reforça a necessidade de retirada de parte da boiada dos confinamentos.
Na avaliação da IHS, a inconsistência das vendas de carne bovina, sobretudo no atacado, reforça a cautela entre os frigoríficos no mercado do boi gordo. Além disso, os preços das proteínas concorrentes (frango e suína) recuaram nos últimos dias, prejudicando ainda mais o escoamento da carne bovina.
No front externo, diz a IHS, a política monetária na China e os sucessivos e severos lockdowns adotados pelo governo vêm impactando de forma negativa a economia do país oriental, com possíveis reflexos nas importações. Nesse contexto, a estratégia de boa parte das unidades frigoríficas brasileiras é reduzir o ritmo das operacionais de abate, mantendo a produção alinhada à demanda, evitando o ônus da formação de excedentes nos estoques.
Nesta quinta-feira, entre as principais praças pecuárias do País, a IHS Markit registrou recuos nos preços dos animais terminados em SP, MG, MS, MT, GO, PR, RJ e PA (veja ao final deste texto as cotações atuais do boi gordo e da vaca gorda nas principais regiões pecuárias do País). Em SP e MG, a disparidade entre o boi-China e preço balcão para o animal destinado ao mercado interno supera os R$ 10/@, informa a IHS.
No Centro-Oeste, relata a consultoria, as escalas de abate das indústrias avançam sem grandes dificuldades, embora haja certa resistência por parte dos pecuaristas em entregar os seus lotes terminados. Entre as praças da região Norte, a morosidade nos negócios persiste e tem permitido tímidos ajustes negativos nas cotações da arroba.
Na B3, as cotações dos contratos futuros do boi gordo também registraram quedas, alinhados à fragilidade dos preços praticados no mercado físico. As posições futuras referentes ao ano de 2023 também tiveram ajustes negativos nas últimas sessões. “O setor ainda enxerga uma consistente demanda pela carne bovina em 2023, puxada pela recuperação da economia brasileira, mas teme a recessão que assola importantes economias globais”, relata a IHS Markit.
Atacado
Os preços dos principais cortes bovinos negociados no mercado atacadista não sofreram variações nesta quinta-feira, mesmo diante da morosidade de negócios. Agentes passam a aguardar retomada das vendas com a entrada da massa salarial já na próxima semana, o que deverá estimular a recomposição de estoque, observa a IHS.