O cenário atual – de estabilidade nos preços do boi gordo, mas com tendência de baixa – reflete os pecuaristas controlando a oferta, na expectativa de uma possível recuperação nas cotações, enquanto os frigoríficos continuam adquirindo animais terminados de forma ponderada e cautelosa – uma dinâmica que pode persistir ao longo do primeiro semestre, observam os analistas da Agrifatto.
No entanto, continua a consultoria, a partir de meados de junho, há a possibilidade de complicações do quadro atual, devido à degradação das pastagens naturais e à diminuição da capacidade de retenção do gado, o que provavelmente resultará em crescimento da oferta.
Segundo dados apurados pela Scot Consultoria, em São Paulo, os preços dos animais terminados fecharam o dia estáveis, “mas pressão é de baixa”.
“Apesar de estar andando de lado há 13 dias úteis, o viés é de baixa à cotação do boi gordo nesta segunda quinzena de março”, reforça a Scot.
Com a proximidade da Semana Santa e o final do mês, a expectativa é de demanda enfraquecida para o escoamento de carne bovina e, consequentemente, menores preços ofertados pela arroba bovina, acrescenta a consultoria.
Assim, na quarta-feira (20/3), de acordo com a Scot, o boi gordo paulista continua valendo R$ 230/@, a vaca gorda está sendo negociada por R$205,00/@ e a novilha é vendida por R$ 220/@ (preços brutos e a prazo). O “boi-China” está cotado em R$ 235/@ no Estado de São Paulo, com ágio de R$ 5/@ sobre o animal gordo “comum”.
“Com o início do outono, a perspectiva é de que a pressão baixista se intensifique Brasil afora”, prevê a Scot Consultoria.
Na terça-feira (19/3), o contrato do boi gordo com vencimento para abril de 2024 ficou precificado em R$ 227,45/@, com desvalorização de 0,39% no comparativo diário, informa a Agrifatto.
Varejo/atacado
Sem alterações significativas de comportamento, tanto as vendas de carne bovina nos balcões do varejo quanto as distribuições de carne com ossos no atacado enfrentam desafios expressivos e se estabelecem como fracas desde o final da semana passada, de acordo com apuração a Agrifatto.
“Apesar de ajustes negativos nos preços do atacado nas negociações da semana passada, a queda no consumo durante a segunda quinzena de março superou as previsões, resultando em um impacto significativo nas vendas do varejo”, observam os analistas da consultoria.
Dessa maneira, continua a Agrifatto, um volume considerável de mercadorias permanece estacionado nos distribuidores sem previsão de descarga até ontem (20/3).
“Houve um aumento nos retornos parciais devido à problemas de qualidade, assim como nas devoluções totais por outros motivos, principalmente relacionados à carne envelhecida”, informa a consultoria.
Além disso, vários frigoríficos estão embarcando e despachando carne sem destino determinado e sem venda confirmada. “Com o mercado atacadista ainda em formação e, até o momento, com as negociações completamente paralisadas, até dianteiro e ponta de agulha, antes bastante demandados, perdem liquidez”, ressalta a Agrifatto.
Poucos negócios desses produtos foram fechados a R$ 13,50/kg, um preço que está se consolidando como referência.
Assim, diz a consultoria, o cenário atual sugere uma possível retração das cotações de quase todas as mercadorias (cortes bovinos) em torno de (ou até mesmo acima) R$ 0,50/kg.
“Com a aproximação da Semana Santa, a tendência é de cotações com sustentação fraca nas negociações semanais”, justifica a Agrifatto. Não se descartam ajustes negativos para a maioria dos produtos com ossos, acrescentam os analistas.