O mercado físico do boi gordo continua no cenário de “queda de braço”, relatam os analistas da Agrifatto. “Os frigoríficos tentam pressionar os valores da arroba e compram compassadamente, enquanto os pecuaristas resistem e liberam o gado terminado de maneira cautelosa, resultando em estabilidade nos preços da arroba em grande parte do País”, afirma a consultoria.
Segundo apurou a Scot Consultoria, no mercado paulista, a demanda pela carne bovina não evoluiu ao longo desta semana e o equilíbrio nas ofertas de boiadas gordas garantem escalas de abate confortáveis aos frigoríficos locais, com uma média de 11 dias.
“Como resultado, o mercado não avança”, ressalta a Scot. Pelos dados da consultoria, nas praças de São Paulo, o “boi-China” está em R$ 235/@, enquanto o boi “comum” vale R$ 230/@. Por sua vez, as fêmeas estão sendo negociadas em R$ 205/@ (vaca gorda) e R$ 220/@ (novilha).
Na B3, o movimento de alta não permaneceu nesta quarta-feira (13/03) e todos os contratos apresentaram ajustes negativos na comparação feita com o dia anterior. O vencimento para março/24 ficou precificado em R$232,85/@, queda diária de 0,62%, informa a Agrifatto.
Brasileiros longe das gôndolas
As vendas de carne bovina no varejo de São Paulo têm apresentando baixo desempenho nesta semana, informa a Agrifatto. “Há oferta volumosa de todos os produtos com osso, contudo, a demanda para maioria deles é baixa”, ressalta a consultoria, que acrescenta: “Existe um excesso de oferta e um claro viés de baixa nas cotações do traseiro, da ponta de agulha e também da vaca casada”.
Além disso, foram registradas algumas vendas de boi castrado com ajuste negativo de R$ 0,30/kg, chegando a R$ 15,50/kg, acrescenta a Agrifatto. “Ou seja, a pressão negativa da segunda quinzena chegou com tudo para os atacadistas da carne bovina”, destacam os analistas.
Descarte de vacas em peso
Com a divulgação dos números de abate no Brasil referente ao quarto trimestre, o setor registrou um volume acumulado de 34,06 milhões de cabeças enviadas aos ganchos no Brasil em 2023. “Trata-se do maior montante de bovinos abatidos no Brasil desde 2013”, relata a Agrifatto.
Com esses números, observa a consultoria, a participação de fêmeas sobre o total de bovinos abatidos no Brasil atingiu 41,6% em 2023, o maior resultado desde 2019 e 2,35 pontos percentuais acima da média de participação dos últimos 15 anos.
O resultado, diz a Agrifatto, reforça o argumento de que a atual fase do ciclo pecuário “é de descarte de fêmeas”.
“Para 2024, esperamos que o descarte de fêmeas continue acelerado e estimamos que o total de bovinos abatidos no Brasil atinja 35,85 milhões de cabeças, o maior resultado da história”, prevê a Agrifatto.