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Interesse da Vale mostra bom momento do setor

18 janeiro 2010 - 00h00Por Agência Estado, por Fabiola Gomes.

O comunicado sobre as negociações da Vale para aquisição de ativos de fertilizantes do Grupo Bunge ajuda a dar impulso na decisão de investir em adubos no Brasil, um mercado em expansão e com perspectiva de firme demanda nos próximos anos, na avaliação de uma fonte do setor. "Estar no mercado de matérias-primas para fertilizantes é um bom negócio. Esta é a informação que circula entre os investidores", diz trecho do documento.

A notícia surpreendeu o mercado, mas não muda o cenário de oferta interna de matéria-prima e produtos intermediários no curto prazo. "Podemos ter sim uma mudança de cultura, com uma empresa mais nacionalista, com mais capacidade de investimento e que pode responder mais rapidamente aos apelos do governo", afirma um especialista do setor. De acordo com o anúncio feito hoje pela a Vale, o negócio inclui ainda a participação de 42,3% no capital acionário da Fosfertil, empresa que possui o maior complexo de fosfato da América Latina. Segundo o comunicado, o portfólio da Bunge compreende minas de rocha fosfática e unidades de produção de fertilizantes intermediários à base de fósforo e nitrogênio.

O especialista considera que, mesmo concluída a negociação, a mudança de controle não será imediata e os investimentos previstos não devem ser paralisados. Ele destaca que a Fosfertil conta com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que são suficientes para dobrar a capacidade de produção da companhia. Para esta fonte, a negociação representa um "retorno às origens" Ele lembra que muito tempo atrás a Valefertil chegou a fazer parte da Fosfertil, quando esta era ainda empresa estatal. Posteriormente, o controle da companhia foi transferido para a Petrobras até a privatização da empresa, na década de 90.

No entanto, ele considera que esta operação pode ser muito complicada. Primeiro, por causa da disputa entre Bunge e Mosaic -antiga Cargill Fertilizantes- sobre a participação na companhia, e ainda porque estes processos não costumam ser simples. "Já tivemos rumores sobre o interesse da Vale na própria Mosaic e na Copebrás, mas nada de concreto foi visto até agora", observa.

Por outro lado, ele observa que o negócio ocorreria justamente após um ano em que a indústria nacional conseguiu aumentar sua participação. Fontes do setor estimam, a partir de dados preliminares, que o fosfato nacional representou quase 60% do volume total consumido no País em 2009, contra 51% do ano anterior. Esta mudança ocorreu em função do cenário de oferta de crédito restrita no mercado internacional e da oscilação cambial Para garantir as vendas, em meio à crise, as indústrias nacionais estenderam prazos e facilitaram as formas de pagamento em 2009. Além disso, neste caso, ficava mais fácil "comprar caminhão do que navio de fertilizantes", diz ele, em referência ao volume menor adquirido no período.