O prognóstico de primavera e verão chuvosos deixam sob alerta os sojicultores de Mato Grosso do Sul, que devem ficar atentos ao monitoramento das lavouras se não quiserem ter prejuízos com a ferrugem asiática.
Este ano houve a notificação mais precoce desde que a praga foi encontrada no Estado. No dia 21 de setembro a UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) analisou uma amostra coletada de lavoura voluntária à margem estrada em Ponta Porã e confirmou a contaminação.
A situação deixa evidente mais uma vez que é preciso definir responsabilidade de controle nos casos de lavouras espontâneas, destaca o fitopatologista da Embrapa Agropecuária Oeste, Alexandre Roese. “O primeiro passo é reduzir a perda no transporte, mas é inevitável que caia alguma coisa. Vários órgãos de pesquisa já têm alertado para isso e até hoje não foi dado valor à questão”, diz.
Desta vez o problema acabou de certa forma comprometendo o vazio sanitário estabelecido pelo governo estadual para controlar a ferrugem e a notificação veio cedo.
Monitoramento – O pesquisador orienta que é preciso monitoramento constante da lavoura e que isso é o que faz a diferença na prevenção e controle. “Quem quer fazer aplicação calendarizada é melhor mudar de atividade porque o monitoramento é a palavra-chave, mesmo quando se fala em aplicação preventiva. Muitas vezes o produtor deixa para fazer aplicação do fungicida em determinado estágio, como florescimento, por exemplo, mas não fez o monitoramento para saber se o fungo já está instalado”, afirma.
O pesquisador admite, porém, que não é uma tarefa fácil porque é preciso avaliar todos os fatores, como precipitação, plantações vizinhas e acompanhar sistematicamente a lavoura. A chuva está diretamente relacionada à propagação do fungo porque ela se dá por meio de esporos, que, para causar a infecção, precisam que a folha esteja molhada.
Quanto à qualidade dos fungicidas, ele lembra que as indústrias estão sempre lançando novas formulações e que existem informações disponíveis sobre a eficiência dos produtos no site do Consórcio Antiferrugem. “Em geral as melhores são as misturas de triazois com estrobilurinas”, orienta.
Questionado se estes defensivos não deixam resíduos que possam trazer prejuízos à saúde humana, no consumo da soja, ele garante que isso não ocorre. “Os fungicidas são todos registrados no Ministério da Agricultura, o consumidor não precisa ter medo. Até porque a época de aplicação é bem anterior à colheita e dá tempo da planta metabolizar e eliminar, não fica resíduo no grão”, diz.