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Com início do outono, estiagem ganha força e mantém alerta de incêndios florestais no Pantanal

O prognóstico realizado pelo Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul) é que de que no outono os índices de precipitação acumulada sejam ainda menores

21 março 2024 - 08h13Por Semadesc

O período do outono, que começa hoje (20), deve ser marcado pela continuação da estiagem em Mato Grosso do Sul. Com chuvas reduzidas desde o fim de 2023 no Estado, a previsão é de que no próximo trimestre - entre abril e junho – fiquem abaixo da médica histórica.

O prognóstico realizado pelo Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul) é que de que no outono os índices de precipitação acumulada sejam ainda menores do que durante o verão, já marcado pela falta de chuvas.

A situação intensifica o alerta relativo a ocorrência de incêndios florestais, especialmente no Pantanal. O bioma registra chuvas abaixo das medidas históricas desde novembro de 2023, situação que contribuiu para registros de incêndios nos meses de novembro e dezembro do ano passado, além de janeiro deste ano, quando normalmente os casos não ocorrem por conta do período típico de cheia e chuvas intensas.

O Cemtec também prevê que o trimestre seja “bem mais quente que o normal em Mato Grosso do Sul”. “A combinação dos modelos mostra que as chuvas devem ficar abaixo da média histórica para o período de abril, maio e junho. Os dados coletados também mostram chuvas abaixo da média histórica em grande parte do Estado”, afirma o relatório do Centro de Monitoramento.

Os dados apontaram ainda que, no mês de fevereiro deste ano, as temperaturas máximas do ar ficaram entre 37°C e 40°C, evidenciando um trimestre mais quente que o normal.

A previsão do Cemtec é de que a precipitação deve se manter abaixo da média climatológica em grande parte do Estado para o trimestre entre abril e junho e as temperaturas tendem a ficar acima. A situação climática, de tendência de chuvas abaixo da média e temperatura do ar acima da média histórica, ainda está relacionada à atuação do fenômeno El Niño, que deverá apresentar um enfraquecimento gradual nos próximos meses.

As projeções de clima indicam uma transição para condição de neutralidade do fenômeno ENOS (situações nas quais o oceano Pacífico Equatorial está mais quente (El Niño) ou mais frio (La Niña) do que a média normal histórica) para o próximo trimestre. Já no segundo semestre, os modelos apontam para uma probabilidade de ocorrência da La Niña.

 

 

Seca

A situação de alerta em relação ao clima em Mato Grosso do Sul, que registra chuvas abaixo da média há três meses, é acompanhada pela ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico). No dia 26 de fevereiro, a Agência confirmou que a Bacia do Rio Paraguai enfrenta seca em Mato Grosso do Sul, e também no estado do Mato Grosso.

Para coordenar as ações de monitoramento e gestão a fim de mitigar os efeitos da seca, o grupo formado por representantes de agências da União e do Estado, inclusive Cemtec e Comitê do Fogo, elaboram um plano de ação que deverá ser colocado em prática nos próximos meses.

O superintendente de Operações e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim, afirmou que na Bacia do Rio Paraguai houve avanço da seca moderada e agravamento da seca desde o fim de 2023. “O período chuvoso na região do alto Paraguai, no Pantanal, se estende de outubro a abril ou maio. O que temos observado até agora é uma fraca recuperação dos rios, com registros dos níveis próximos aos mínimos históricos. No monitor de seca percebe-se que todo o estado do Mato Grosso se encontra em estágio de seca. Já no Mato Grosso do Sul houve um avanço da seca moderada no centro e noroeste do estado, houve agravamento da seca”.

A situação em Mato Grosso do Sul, com a seca elevada de fraca para moderada, ascendeu alerta para o período do outono, que começa hoje, e do inverno – que tem início em junho. “O objetivo é compartilhar melhores informações disponíveis e identificar as medidas necessárias para que os diversos atores estejam preparados para os possíveis impactos dos baixos níveis dos rios nos próximos meses”, disse Gondim sobre a reunião que ocorreu na última semana de fevereiro.

A meteorologista Marília Nascimento, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), também participou do primeiro encontro do grupo técnico em 2024 – realizado de maneira online –, que pontuou sobre a falta de chuvas e altas temperaturas.

“A atual situação já foi classificada como forte e teve a temperatura elevada entre 3°C e 4°C na região (por conta do El Niño, que provoca o aumento da temperatura). Agora a classificação é moderada a forte, com anomalia de temperaturas mais aquecidas. Até abril, deve persistir, e passar para neutralidade até junho”.

Um dos principais pontos negativos relacionados ao clima, que foi pontuado no encontro da ANA com os representantes do grupo, é a redução ou ausência de chuvas. “Entre os meses de novembro dezembro (de 2023), principalmente, houve valores baixos de precipitação observados, nada significativos sob a região, resultando em grande parte anomalias negativas. Desde outubro (do ano passado), em todos os meses as chuvas na bacia esteve abaixo, com a mesma previsão para próximos meses”, finalizou a meteorologista.