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Com desmate em queda, Minc ataca ruralistas

05 novembro 2009 - 00h00Por Folha de São Paulo

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) divulgados ontem revelam que, em setembro, a floresta amazônica perdeu 400 km2. O ritmo do desmatamento, porém, caiu em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram derrubados 587 km2 de floresta.
O Pará foi o único Estado que teve aumento do desmate no período, segundo dados do sistema Deter do instituto. "É de lamentar. O Pará tem sido um problema, por conta da mineração, gado, muita pressão política", disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Entre janeiro e setembro deste ano 2.855 km2 de floresta sumiram, contra 6.262 km2 nos nove primeiros meses de 2008. O total de 2009 equivale a duas vezes a área do município de São Paulo.
O sistema Deter é menos preciso que o sistema Prodes, também do Inpe, que calcula efetivamente a taxa de desmatamento anual e será divulgado no final do mês.
Minc aproveitou a divulgação dos dados para dizer novamente que um eventual retrocesso na legislação ambiental poderá colocar em xeque a posição do Brasil na conferência da ONU sobre mudanças climáticas.
A preocupação do ministro está na iniciativa ruralista de derrubar ou modificar o Código Florestal, de 1965, e prorrogar por inteiro um decreto presidencial que colocará na ilegalidade produtores que não tenham área de conservação regularizada.
A declaração de Minc ocorre às vésperas da definição do presidente sobre a legislação ambiental. Na segunda, Lula se reúne com Minc e Reinhold Stephanes (Agricultura) para decidir sobre a possibilidade de esse decreto entrar em vigor em 11 de dezembro. "Eles [ruralistas] estão querendo derrubar isso [decreto] também, mas não vão derrubar nem que a vaca tussa", disse.
Sobre a proposta brasileira para reduzir a emissão de gases-estufa, o ministro diz que o Brasil levará uma meta a Copenhague. "O Brasil vai ter uma meta, vai ter um número, vai ter protagonismo. De todos os países em desenvolvimento será aquele com a meta mais forte."
A opinião do ministro, porém, não reflete a visão atual da Presidência. Lula e Dilma avaliam que, diante risco de fracasso da conferência, uma meta somente seria apresentada após sinalizações de avanços de países como China e Estados Unidos.