Acrissul, Incra e BB firmam termo para fomentar pecuária leiteira de pequeno produtor
Foi assinado no último dia 28, na Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), um termo de cooperação entre a entidade, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o Banco do Brasil estabelecendo critérios para a aquisição de gado leiteiro nos assentamentos.
O termo prevê a avaliação e acompanhamento de técnicos da Acrissul na compra de animais de leite pelos assentados, visando acabar com as dificuldades encontradas nas negociações e o melhoramento genético da pecuária leiteira do Estado.
A cooperação da Acrissul viabiliza o cumprimento da nota técnica emitida pela superintendência regional do Incra no Estado em fevereiro deste ano. A nota discrimina que os animais adquiridos pelos assentados da reforma agrária sejam de raças puras, com registro de procedência nas respectivas associações de criadores e estabelece critérios que dão garantias aos compradores, inclusive a possibilidade de devolução no caso do aparecimento de defeitos posteriores. Fêmeas manejadas corretamente e que não atingirem lactação mínima de 1,6 mil litros por ano serão substituídas por outro animal padrão, prevê a nota.
Conforme o Superintendente do Incra em Mato Grosso do Sul, Waldir Nascimento, o Estado tem hoje 30 mil famílias de assentados. Diferente dos grandes proprietários, 70% dos assentados têm vocação leiteira. A previsão do órgão é que o termo de cooperação beneficie 10 mil transações a serem realizadas no período 2009/2010. A compra de animais de leite para assentados tem custeio do Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar).
O presidente da Acrissul, Francisco Maia, ressaltou durante a assinatura que o termo é uma ação em nome da paz no campo e que a entidade “entende que o cidadão assentado é um produtor” e como tal deve ser tratado. “Somos contra a invasão, mas entendemos que o governo federal tem recursos suficientes para garantir terras aos pequenos produtores”, disse, enfatizando que o papel da Acrissul não é vender gado leiteiro, mas certificar a qualidade dos animais.
Também presente na assinatura, o prefeito de Terenos e presidente da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul), Beto Pereira, lembrou que o município vai receber um laticínio com capacidade inicial de beneficiamento de 300 mil litros de leite por dia, a qual será ampliada para 500 mil litros/dia e que a indústria busca leite até 250 quilômetros distante do município. “Só teremos condições de oferecer essa quantidade se o gado de leite tiver qualidade”, afirmou.
A assinatura do termo também teve a presença do superintendente do Bando do Brasil, Ricardo Lot; do presidente da Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), Geraldo Teixeira de Almeida e do representante do Movimento dos Sem Terra (MST), Laudir Novelho Boiani. Em seu pronunciamento, Boiani disse que a medida vai acabar com a ‘picaretagem’ e que é preciso investir no melhoramento genético dos animais.
Projeto foi idealizado pelo senador Valter Pereira
Segundo o idealizador da idéia de criar mecanismos de proteção e garantia de qualidade dos animais, senador Valter Pereira, a iniciativa nasceu da constatação de que o assentado fica a mercê de gestores muitas vezes mal intencionados, o que já levou muitos a serem enganados na hora de comprar gado de leite. “É preciso instrumentalizar para que os assentados deixem de ser lavradores para serem produtores”, enfatizou. Segundo o senador, a aquisição de vaca leiteira é o primeiro marco significativo da produção dos assentados.