Índios resistem à desocupação de fazendas; um deles é atingido por tiro
O índio terena Alegarde Alcântara, 23 anos, de idade foi ferido por um tiro de bala de borracha durante um confronto com policiais militares hoje cedo perto de uma fazenda em Sidrolândia (MS), a 100 quilômetros de Campo Grande. A área é ocupada desde sábado por ao menos 50 índios.
Por conta do conflito, a cúpula da segurança pública estadual se reuniu à tarde na superintendência da Polícia Federal. Seguiram para área um delegado da PF e autoridades ligadas a Funai.
O secretário Wantuir Jacini (Segurança Pública), disse que o confronto ocorrera porque os índios tentaram tomar a viatura e as armas dos policiais, que reagiram com bombas de efeito moral e gás lacrimogênio.
Os terena quiseram tirar os PMs da área ocupada porque só aceitam lá a presença de policiais federais. No embate, o índio Alegarde Alcântara foi ferido no rosto e no ombro. Ele foi levado para o hospital em Dois Irmãos do Buriti, recebeu cuidados médicos e não corre risco de morte.
Jacini disse ainda que os militares foram para área porque os índios ameaçaram trancar as estradas.
Já o comando da PM informou que os militares entraram no local porque foram avisados que ali havia uma família de índios contrária aos manifestantes e que era mantida como refém.
Os policiais militares continuam próximos à fazenda 3R, em Sidrolândia, ocupada pelos índios desde sábado. Outra fazenda é ocupada no município de Dois Irmãos do Buriti, uns 50 quilômetros longe dali.
Por determinação da justiça federal a área em questão devia ser demarcada, mas o proprietário ingressou com o recurso e o processo está emperrado desde 2006.
O ex-administrador regional da Funai Jorge Lili disse que o clima na fazenda “é de guerra”. Um delegado da PF e servidores da Funai foram para a região assim que acabou a audiência hoje por volta das 17 horas. O fazendeiro dono da área ocupada convocou colegas ruralistas para evitar “outras investidas” dos índios.
Participaram da reunião o secretário Wantuir Jacini (Segurança Pública), representantes do MPF e do MPE, da Funai, o chefe da Polícia Militar, policiais federais e o chefe da Casa Civil, Osmar Jerônimo.