Preços do álcool e do açúcar devem se manter em alta
Setor aponta que preços podem oscilar inclusive durante colheita e moagem
Sônia Ferreira
de São Paulo
O consumidor brasileiro terá de se acostumar com as altas periódicas dos preços do álcool hidratado e do açúcar, não apenas no período de entressafra da cana-de-açúcar, que vai de novembro a abril, como também durante a colheita e moagem do produto.
A causa é o aumento da demanda interna pelo álcool, cerca de 13% ao ano, e a externa de açúcar, enquanto a produção está em queda por causa da baixa produtividade das lavouras, em função das chuvas, e deverá se estabilizar por causa da paralisação de muitos projetos industriais.
Apenas em Goiânia, nos últimos 30 dias, o preço do litro do álcool hidratado, vendido nos postos de combustíveis, passou de R$ 1,39 para R$ 1,59, ficando ainda quase 40% inferior ao da gasolina, portanto é compensatório abastecer o tanque do carro com etanol. Já o açúcar tem sido o vilão da inflação, com alta superior a 65%, este ano.
A informação é do presidente da Datagro, Plínio Mário Nastari, ao falar ontem na 9ª Conferência Internacional da Datagro sobre Açúcar e Álcool, que se realiza no Grand Hyatt Hotel, em São Paulo.
Segundo ele, as indústrias não estão conseguindo aumentar a produção porque caiu, sobremaneira, a produtividade da cana-de-açúcar por causa do excesso de chuvas. “Esse seria o momento de se aproveitar os preços em alta, mas não há produção suficiente para atender a demanda”, afirma.
Contudo, ele garante que o mercado estará abastecido de álcool e açúcar no Brasil. Plínio lembra que, nos últimos três anos, os preços do açúcar e do álcool ficaram defasados.
E mesmo, agora, com as últimas altas, as cotações ainda estão inferiores às registradas em 2003 e 2006, mas estão pelo menos suprindo os custos de produção.
Contudo, o diretor geral da Sociedade Corretora de Álcool (SCA), Martinho Ono, alertou para os riscos de aumentos substanciais de preços, lembrando que o consumidor tem a opção da gasolina.