Mercado do boi gordo antecipa consolidação do ciclo de alta da pecuária
"Nem mesmo o pecuarista mais otimista esperava um aumento tão expressivo em tão pouco tempo", relata o analista Rodrigo de Mundo, sobre a disparada do preço da arroba
A expectativa dos agentes do setor pecuário/analistas especializados era de que o ciclo de alta de preços no mercado do boi gordo brasileiro começasse a se consolidar a partir de meados de 2025, recorda o zootecnista Rodrigo de Mundo, analista da Scot Consultoria.
“Embora já houvesse sinais de recuperação no preço da arroba para este ano, nem mesmo o pecuarista mais otimista esperava um aumento tão expressivo em tão pouco tempo, como o que estamos observando”, destaca o analista.
A variação na cotação média da arroba entre janeiro/24 e meados de outubro/24 foi de 22,2%, enquanto a variação a partir de setembro/24 até o momento atingiu 14,7%, calcula ele.
“Isso demonstra que o aumento nos preços nos últimos dois meses foi mais intenso do que o restante do ano”, compara Rodrigo.
A disponibilidade de boiadas para abate tem diminuído, devido à escassez de fêmeas, cuja oferta tem se limitado cada vez mais, observa o analista
Por sua vez, as condições dos pastos, apesar das recentes chuvas, ainda não são ideais para aumentar o número de animais disponíveis para o mercado.
A segunda rodada de confinamento, que poderia elevar a oferta de boiadas gordas, tem sido absorvida rapidamente pelos frigoríficos, prolongando a atual situação de restrição na disponibilidade, diz Rodrigo.
Somado a isso, a demanda por carne bovina, tanto no mercado interno quanto no mercado externo, encontra-se aquecida, destaca ele.
“O mercado interno, mesmo com o avanço da segunda quinzena do mês, está firme e as exportações seguem em ritmo acelerado, como observado nos últimos meses”, ressalta o analista.
O volume de carne bovina in natura exportado até meados de outubro/24 foi de 176,4 mil toneladas – média diária de 12,6 mil toneladas –, superando o desempenho médio diário do mesmo período de 2023 em 42,1%, informa Rodrigo, citando os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Preços continuaram em disparada
Nesta sexta-feira (25/10), o mercado paulista abriu com alta de R$ 5/@ no preço da vaca gorda, que agora vale R$ 285/@ – um pouco menos que a cotação da novilha gorda abatida na mesma praça e negociada por R$ 305/@, de acordo com os dados da Scot.
Ainda em SP, o boi gordo destinado ao mercado interno está apregoado em R$ 310/@, segundo apuração da Scot, e o animal com padrão-exportação (“boi China”) está cotado em R$ 315,00/@.
Pelos dados da Agrifatto, hoje (sexta-feira/25/10), o valor médio da arroba em São Paulo permaneceu em R$ 312,50 (média entre o “boi-China” e o animal “comum”).
Nas outras 16 regiões monitoradas pela consultoria, o preço médio do boi gordo segue em R$ 291,30 (confira ao final deste texto os preços dos animais terminados).
Escalas curtas
Os analistas da Agrifatto dizem que as indústrias brasileiras continuam com dificuldades na aquisição de boi gordo e, com isso, as escalas de abate não se alongam, ficando entre 4 a 5 dias úteis.
“Nota-se que férias coletivas já começaram a ser realizada em algumas plantas frigoríficas do País, refletindo a dificuldade em comprar bovinos”, informa a Agrifatto.
Na região Centro-Norte, diz a consultoria, Estados como Pará e Tocantins enfrentam desafios, com diversos frigoríficos operando com interrupções nos abates e 30% de capacidade ociosa.
“Isso ocorre devido às programações apertadas, que continuam atendendo entre dois e quatro dias”, ressalta a Agrifatto.
Com o agravamento da situação, algumas indústrias em MG, MS, MT, RO e PA estão planejando conceder férias coletivas nos próximos dias, reforça a consultoria.
Além disso, continua a consultoria, a preocupação da semana passada se concretizou: Com a carne bovina mais cara no mercado doméstico, o escoamento da proteína tem sido mais difícil, sobretudo neste período final do mês, quando o “aperto no bolso” dos brasileiros é maior, devido ao maior esgotamento salários recebidos no início de mês.
“A formação de estoque tem sido grande apesar do volume disponibilizado na semana ter sido menor em relação às semanas anteriores”, observa a Agrifatto.
Nesta sexta-feira (25/1), a média nacional das programações de abate registrou estabilidade entre as semanas, ficando em 5 dias úteis.
Veja como ficaram as escalas nesta sexta-feira (25/10):
Mato Grosso – Foi o destaque desta semana, pois foi o único Estado acompanhado pela Agrifatto a registrar avanço de 1 dia na escala de abate sobre a sexta-feira anterior (18/10) – todos os Estados a seguir demonstraram estabilidade. Porém, o patamar das programações de MT segue baixo, em 5 dias úteis.
Mato Grosso do Sul – Encerrou a semana com as programações atendendo 5 dias úteis.
Paraná – Fechou a sexta-feira (25/10) com 5 dias úteis de escalas programadas.
Minas Gerais – Terminou o período semanal com 5 dias úteis de programação.
São Paulo – Com a semana encerrada, as programações de abate são de 7 dias úteis.
Rondônia – As escalas ficaram em 6 dias úteis.
Tocantins/Goiás – Ambos os Estados finalizaram a sexta-feira com 5 dias úteis de escalas.
Pará – Fechou a semana com 4 dias úteis de escalas.
Preços dos animais terminados apurados pela Agrifatto nesta sexta-feira (25/10):
Mato Grosso do Sul — O “boi comum” vale R$310,00 a arroba. O “boi China”, R$315,00. Média de R$312,50. Vaca a R$285,00. Novilha a R$300,00. Escalas de cinco dias;
São Paulo — O “boi comum” vale R$310,00 a arroba. O “boi China”, R$315,00. Média de R$312,50. Vaca a R$285,00. Novilha a R$300,00. Escalas de abates de seis dias; Minas
Gerais — O “boi comum” vale R$295,00 a arroba. O “boi China”, R$305,00. Média de R$300,00. Vaca a R$280,00. Novilha a R$290,00. Escalas de abate de seis dias;
Mato Grosso — O “boi comum” vale R$285,00 a arroba. O “boi China”, R$295,00. Média de R$290,00. Vaca a R$275,00. Novilha a R$280,00. Escalas de abate de seis dias.