TECNOLOGIA

Papel da pesquisa brasileira na descarbonização é tema de painel na Fiesp

Em 50 anos, desde que foi criada, a Embrapa tem pautado a sua agenda de pesquisa sempre em conexão com as demandas da sociedade e os desafios globais

3 ABR 2024 • POR Embrapa • 11h20
Presidente da Embrapa participa de mesa redonda e apresenta tecnologias voltadas à sustentabilidade na agropecuária - Divulgação

Os avanços da pesquisa agropecuária brasileira e as inovações que já foram entregues à sociedade, além do que está em desenvolvimento, com foco na garantia de produtividade com sustentabilidade foram os principais pontos abordados pela presidente Silvia Massruhá, da Embrapa, durante a mesa redonda sobre Energia e Descarbonização da Economia, no Fórum Econômico Brasil-França, na manhã desta quarta-feira, 27. O evento, realizado pela Federação Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foi parte da programação da visita oficial do presidente francês ao  Brasil, Emmanuel Mácron.

“Em 50 anos, desde que foi criada, a Embrapa tem pautado a sua agenda de pesquisa sempre em conexão com as demandas da sociedade e os desafios globais, por produção de alimentos, com qualidade e sustentabilidade”, disse ela, que começou apresentando a empresa, atuante em 43 unidades de pesquisa distribuídas nos cinco biomas presentes no território nacional.

“O atual momento do mundo, em que os países têm buscado se desenvolver com compromissos e metas voltadas à redução dos impactos sobre o meio ambiente, principalmente a descarbonização, sem dúvida, demanda muito mais esforços na busca por inovação que atenda de maneira igualitária as cadeias produtivas e em especial atenção aos pequenos produtores rurais”, ressaltou. 

A presidente apresentou um panorama de como a empresa tem contribuído não só com a pesquisa, mas também com a elaboração de políticas públicas que tragam benefícios para o país por meio de incentivos aos agricultores, a partir do acesso à informação, conectividade, garantia de recursos financeiros, entre outras formas de suporte ao desenvolvimento da atividade.

“É preciso oferecer suporte para quem produz, para que tenha condições de estar inserido nessa agenda global pautada na qualidade e na sustentabilidade, sem contar as mudanças de padrão de consumo da sociedade, cada vez mais atenta à importância de se manter conectada à origem do que chega a sua mesa”. 

Sobre transição energética, climática e digital, Silvia falou sobre os impactos sobre a produção de alimentos, fibras e energia, e que há mais de 10 anos, a Embrapa tem se voltado ao desenvolvimento de pesquisas em parceria com instituições que também contribuam com o cenário das tendências de futuro.

“Trabalhamos na elaboração de protocolos para produtos de baixo carbono, em parceria com o governo federal e instituições de pesquisa”, comentou, destacando as ferramentas  Renovacalc, que calcula a intensidade de carbono para os biocombustíveis, adotada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e Renovabio, do Ministério de Minas e Energia (MME),  que visa expandir a produção de biocombustíveis, fundamentada na previsibilidade e sustentabilidade ambiental, econômica e social. 

Pesquisa em rede e parcerias

No campo, a presidente citou, entre outros, o exemplo do desenvolvimento de soja de alto teor oleico para a produção de combustível de aviação, por exemplo, além das formas de uso de biomassa, projetos com dendê para a produção de óleo na produção de bioenergia, etanol, biodiesel, biogás e biometano.

“Pelo menos dez unidades da Embrapa têm trabalhado de forma integrada na área e em projetos com a parceria do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos  (USDA)”, afirmou. A presidente destacou também o acordo entre a Embrapa, a Marinha do Brasil e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) para diminuir as emissões do transporte marítimo brasileiro, por meio do uso de biocombustíveis.

Destacou ainda a dedicação da pesquisa na busca por inovação para a redução da emissão de gases de efeito estufa no campo, a adoção cada vez maior das práticas sustentáveis como a fixação biológica de nitrogênio e plantio direto, que representam benefícios não só para o meio ambiente, mas para a economia do País. 

“Além disso, a Embrapa tem estado muito envolvida com a questão da redução da dependência por fertilizantes importados, a partir do incentivo de bioinsumos e do uso racional desse tipo desse tipo de produto tão importante para a produtividade”, disse ela, lembrando a promoção das Caravanas, ação de transferência de tecnologia, que percorreu vários estados brasileiros, levando capacitação e conhecimento a técnicos e produtores.

A presidente finalizou lembrando que a Embrapa tem parcerias com a França não somente com instituições de pesquisa, mas com o setor privado e citou o acordo assinado com a Ciplan/Grupo Vicat no último dia 26 de março, na sede da Embrapa.  

Durante o almoço do Fórum Econômico Brasil-França, realizado após a mesa redonda, Silvia Massruhá e o CEO do Vicat Group, Guy Slidos, voltaram a abordar o tema, que foi apresentado como um dos destaques de parcerias assinadas durante a visita da comitiva do presidente da  França, Emmanuel Macron.

Desde 2020, a Embrapa e o grupo Vicat, por meio da Ciplan, trabalham juntos e o acordo assinado prevê o uso de pelo menos 20% de biomassa de eucalipto para a produção de cimento e um estudo de viabilidade econômica do uso de capim elefante como fonte de biomassa.