SANIDADE ANIMAL

Mato Grosso do Sul está fora de risco para o mal da vaca louca

Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento e Agricultura, descarta contaminação em MS

23 FEV 2023 • POR Correio do Estado • 08h34
Informações do Mapa mostram que, até hoje, o Brasil não registrou casos clássicos de vaca louca - Divulgação

A possibilidade de registro de casos de vaca louca atípica em Mato Grosso do Sul está descartada. Quem garante e bate o martelo é o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, ao destacar que o caso noticiado sobre o Pará nem sequer foi confirmado, embora esteja em investigação, de acordo com informações preliminares do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Verruck deixou claro que o que existe é uma possibilidade de identificação atípica, o que afasta por completo as chances de vaca louca “clássica”, como a que foi registrada na Grã-Bretanha durante a década de 1990.

De acordo com Jaime Verruck, pode ocorrer restrição de mercado. “A grande questão é essa. Esse caso não se trata de um problema de sanidade e o Mapa está preparado. A comunicação rápida das análises laboratoriais vai resolver qualquer problema”, tranquilizou Verruck.

O secretário também comentou uma possível reação do mercado e de países compradores. Em 2021, quando casos do mal da vaca louca foram registrados no Brasil, a China restringiu parte das exportações. “Às vezes, a China reage suspendendo exportações, como aconteceu em 2021”, destacou Verruck.

A doença é provocada por príon, que é uma partícula proteica infecciosa e pode ser transmitida, em sua forma clássica, por meio da ingestão de alimentos provenientes de carcaças infectadas, como farinhas feitas de carne ou ossos. Na forma atípica, a doença ocorre por conta de uma mutação espontânea de uma proteína normal.

Os últimos casos de vaca louca registrados no Brasil ocorreram em 2021, em Minas Gerais e em Mato Grosso. Na ocasião, os casos também foram atípicos, mas a China, maior comprador de carne do Brasil, suspendeu a compra de carne bovina brasileira por três meses, de setembro a dezembro daquele ano.

Informações do Mapa mostram que, até hoje, o Brasil não registrou casos clássicos de vaca louca, que são aqueles provocados pela ingestão de carnes e pedaços de ossos contaminados. 

O mal da vaca louca é uma doença degenerativa também chamada de encefalite espongiforme bovina. As proteínas modificadas consomem o cérebro do animal, tornando-o comparável a uma esponja. Além de bois e vacas, a doença acomete búfalos, ovelhas e cabras. A ingestão de carne e de subprodutos dos animais contaminados com os príons provoca, nos seres humanos, a encefalopatia espongiforme transmissível.

Repercussão

O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, ressaltou tratar-se de um caso isolado e sem nenhum risco sanitário. “O que fica é a preocupação de eventual embargo com viés econômico. Precisamos discutir para que casos isolados e atípicos não sirvam de oportunidades para compradores afetarem os preços”, disse Bumlai.

Para o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Alessandro Coelho, apesar deste caso de vaca louca ser atípico e não gerar riscos, é algo preocupante para os pecuaristas no Brasil todo, tendo em vista a exportação de carne.

“Novamente isso aconteceu em uma rês muito velha, a qual, naturalmente, acaba tendo problemas degenerativos encefálicos. Um exame laboratorial poderá identificá-lo e resolver isso de forma rápida para que nada de resvale no mercado. O Mapa já está tomando todas as medidas sanitárias para evitar maiores transtornos, porém, existem mercados externos que suspendem automaticamente a importação, até que seja devidamente esclarecido”, detalhou Alessandro Coelho. 

O Boletim Casa Rural da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul) mostra que na primeira quinzena do ano houve desvalorização do preço da arroba. O boi gordo foi cotado ao valor médio de R$ 255,38 por arroba, refletindo em queda de 1,74% frente ao valor do início de janeiro de 2023. A arroba da vaca registrou queda de 2,18% e encerrou o período cotada a R$ 238,20.