Com quase 40% da safra colhida, moagem de cana cai 3% ante 2018
Nos últimos 15 dias de junho, a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) atingiu 134,50 kg por tonelada de cana-de-açúcar - Divulgação
O levantamento quinzenal elaborado pela União da Agroindústria da Cana-de-açúcar (Unica) mostra que o volume de matéria-prima processado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul atingiu 46,08 milhões de toneladas na segunda metade de junho, ligeiramente acima das 45,54 milhões de toneladas processadas em igual período de 2018.
Segundo a Unica, no acumulado desde o início da atual safra até 1º de julho, a moagem de cana-de-açúcar somou 216,88 milhões de toneladas, queda de 3,02% sobre as 223,65 milhões de toneladas observadas em igual período do ano passado. Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Única, explica que em relação ao impacto das geadas sobre a oferta de cana-de-açúcar a ser colhida nas próximas quinzenas, ainda é preciso um mapeamento detalhado sobre o impacto do fenômeno para quantificar os prejuízos.
“É preciso verificar, por exemplo, a temperatura mínima de cada região, o tempo de exposição da planta ao frio, o estágio de desenvolvimento e a idade do canavial atingido, para se ter uma ideia clara dos danos causados”, diz o executivo.
Matéria-prima
Nos últimos 15 dias de junho, a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) atingiu 134,50 kg por tonelada de cana-de-açúcar, contra 139,84 kg na mesma quinzena de 2018. No acumulado desde o início da safra 2019/2020, a concentração de ATR foi inferior em quase 5 kg quando comparada ao valor apurado para o mesmo período do ciclo passado (124,08 kg de ATR por tonelada este ano, ante 129,00 kg de ATR por tonelada em 2018/2019).
Mesmo com o aumento de 1,20% na moagem quinzenal, a produção de açúcar caiu 4,08%: 2,19 milhões de toneladas fabricadas na metade final de junho, contra 2,29 milhões de toneladas na mesma quinzena de 2018. No caso do etanol hidratado, a redução alcançou 2,74%. A produção quinzenal de etanol atingiu 2,33 bilhões de litros, sendo 814,92 milhões de etanol anidro e 1,52 bilhão de litros de etanol hidratado. “Esses resultados evidenciam o mix de produção mais alcooleiro na quinzena - apenas 37,14% da cana-de-açúcar processada foi direcionada à fabricação de açúcar.”
No acumulado da atual safra, a fabricação de açúcar somou 8,91 milhões de toneladas, frente a 9,78 milhões de toneladas em 2018. Já a produção acumulada de etanol totalizou 10,64 bilhões de litros, dos quais 7,40 bilhões de litros de etanol hidratado e 3,23 bilhões de litros de etanol anidro.
Para o diretor da Unica, “os números da quinzena retratam a tendência já observada anteriormente, com safra mais alcooleira diante das atuais condições de mercado. Com quase 40% da cana-de-açúcar da safra processada até o momento, já temos uma retração na produção de açúcar de cerca de 900 mil toneladas”, concluiu. Por sua vez, essa retração de 900 mil toneladas representa uma queda de 2,65 kg de açúcar por tonelada de cana processada.
A produção de etanol de milho alcançou 42,85 milhões de litros nos últimos 15 dias de junho. Mantido o ritmo observado até o momento, a produção final da safra 2019/2020 poderá superar 1,2 bilhão de litros.
Combustível
As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul somaram 1,38 bilhão de litros na segunda metade de junho, com 142,77 milhões de litros exportados e 1,24 bilhão de litros voltados ao mercado doméstico.
No total do mês de junho, as vendas alcançaram 2,68 bilhões de litros, com 185,05 milhões de litros direcionados à exportação e 2,50 bilhões de litros ao mercado interno.
Nesse mercado, a comercialização de etanol anidro alcançou 696,34 milhões de litros. O volume de etanol hidratado, por sua vez, totalizou expressivos 1,80 bilhão de litros, alta de 5,51% no comparativo com as vendas em junho de 2018 (1,71 bilhão de litros).
Para Rodrigues, “o volume de hidratado comercializado pelas unidades produtoras no mês segue a tendência de mercado demandante observada desde o início da safra corrente”.